“Me filiar às lutas do sindicato é minimamente contribuir para mudar o mundo”.

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A Rede de Comunicadores Populares do SINTESE (Recomsin) conversou com a educadora Regina Leite Garcia sobre possíveis ações dos educadores na luta contra as mazelas que o capitalismo impõe em doses diárias. Regina é dona de um vasto currículo na área, tendo atuado na educação popular e tem como importantes aliados os movimentos sociais. É autora entre outros de Diálogos do Cotidiano.

Recomsin: Na batalha diária contra o sistema capitalista e suas armas crueis que mecanismos os professores podem utilizar para travar a resistência no ato de educar?

Regina Leite: Pra mim a coisa mais importante que um professor pode fazer é que ele tem um compromisso com o futuro. Daí eu acredito que nós lidamos com o que de melhor o ser humano tem. O ser humano nasce com a curiosidade de crescer, de conhecer, de saber mais, não é? Quando a criança vem para a escola, ela vem querendo saber mais sobre o mundo que ela ainda sabe tão pouco ou pensa que ainda sabe pouco.

Recomsin: E Como o professor pode se valer de sua profissão e contribuir para a transformação social?

RL: O nosso papel no meu ponto de vista – a partir do que Paulo Freire nos ensina – é de ampliar ao máximo esse conhecimento inicial que uma criança, um jovem, um adulto tem quando vem para a escola e aprofundar ao máximo esse conhecimento. Não é para ele virar um erudito, não é isso que nos interessa. Mas é que com esse conhecimento ele (o aluno) vá conhecendo mais e mais o mundo que o cerca e vá compreendendo – se nós formos bem-sucedidos no nosso trabalho – que ele tem uma dívida com o mundo, de tornar esse mundo melhor, de tornar a sociedade na qual ele vive mais justa, mais democrática, mais equânime, mais igualitária. É essa a razão de a gente atuar. Politicamente a função primeira de um professor é essa. É porque ele cumpre ou tenta cumprir esse papel que ele se torna um militante. Então ele atua dentro da escola, no cotidiano e atua também fora da escola para que nessa luta (dentro e fora) ele contribua para mudar o mundo. Menos que isso é acho que é melhor não viver.

Recomsin: Para que os educadores cumpram essa função, os espaços de formação são fundamentais (congressos, seminários, cursos). Como a senhora enxerga esses momentos, em especial os promovidos pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sergipe, que há anos aposta nessas ferramentas?

RL: Eu alimento a minha esperança quando eu vejo o Sintese, como esse grande coletivo, que não abre mão de mudar o mundo. Cada vez que eu venho aqui, seja para o que for, eu sempre tenho realimentada essa minha esperança de que um outro mundo é possível. Vir aqui e “me filiar” às lutas do sindicato é minimamente contribuir para mudar o mundo.