ABSURDO: Secretário do Meio Ambiente defende usina nuclear

333

por Crisrian Góes

É dose ou não é? Na última segunda-feira, 20, o jornal Cinform publicou meia página com uma matéria onde aparece justamente o secretário de Estado do Meio Ambiente, senhor Márcio Macedo, defendendo a instalação de uma usina nucelar em Sergipe. Não é piada, não. Está lá na página 4 do caderno de Municípios.

Além de profunda incompatibilidade de um secretário do Meio Ambiente defender a instalação de uma usina nuclear, um absurdo completo, uma incoerência sem tamanho, ainda não se sabe se ali também defendia a energia nuclear o também presidente estadual do PT de Sergipe, função que ele acumula.

Curioso ainda foi o título da matéria: “Márcio Macedo apóia instalação de usina nuclear sergipana se Déda quiser”. Se Déda quiser? E o meio ambiente? O texto é uma pérola. Lá pelas tantas, teria dito ele: “…eu tenho opinião favorável às energias renováveis, mas um debate está sendo feito e a gente não tem que ter preconceito nem ambiental, nem econômico…” Esta não é uma questão de preconceito. É de meio ambiente, senhor secretário de meio ambiente.

Na semana passada o secretário se fez divulgar numa foto ao lado do ministro do Meio Ambiente Carlos Minc. Pois bem, pergunte ao ministro sobre a implantação de usinas nucleares, principalmente às margens do rio São Francisco? O ministro falava (no lançamento do Plano Nacional sobre Mudança do Clima) de uma série de medidas que estão sendo tomadas, acertadamente, pelo Governo Lula no sentido de incentivar a produção de energia eólica (dos ventos). E agora me vem o senhor Márcio Macedo a falar de usina nuclear?

Retomo aqui alguns trechos de um artigo que fiz e publiquei nesta coluna em 17 de fevereiro deste ano. Não serão apresentados aqui os milhares de argumentos para provar irrefutavelmente, por a mais b, que a energia nuclear é amplamente suja, terrivelmente cara, de resultados duvidosos, além de extremamente perigosa. Os inúmeros fatos históricos de acidentes nucleares e o lixo produzido por essas usinas são prova cabal do profundo erro em se insistir na energia nuclear como alternativa.

E é nesta palavra que se pode colocar toda orça argumentativa: alternativa. Alternativa que prejudica a vida não é alternativa, é oposição à vida. Será que não existem outros caminhos viáveis e principalmente limpos, socialmente ajustados para produção de energia, instrumento vital no desenvolvimento de qualquer nação? Claro que existem e todos esses caminhos seguem em rumo inversamente proporcional à energia nuclear.

As reais alternativas podem ser encontradas na energia produzida pelos abundantes ventos, isso sem falar na energia solar e em outras fontes limpas, inclusive o próprio potencial hidroelétrico ainda não explorado.

Existem muitas ações interessantíssimas sobre o aproveitamento dos ventos, por exemplo, mas só entra na agenda dos governos a energia nuclear. Que desenvolvimento é esse pautado para o Brasil e Sergipe? Estamos na contramão da história? Na posse de Obama, ele anunciou US$ 15 bilhões para investimentos em energia eólica. E nós aqui querendo torrar dinheiro público em energia nuclear?

A Revista Brasileira do Ensino de Física publicou um excelente material sobre a energia dos ventos. Segundo o estudo, mais de 71 mil quilômetros quadrados do território nacional, em sua quase totalidade na costa dos estados do Nordeste, contam com velocidades de vento superiores a sete metros por segundo, que propiciam um potencial eólico da ordem de 272 terawatts-hora por ano (TWh/ano) de energia elétrica.

Observem, 272 TWh/ano é um volume bastante expressivo, uma vez que o consumo nacional de energia elétrica é de 424 TWh/ano. Esse estudo é de autoria de pesquisadores do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Para eles, é possível afirmar que apenas o potencial da energia dos ventos do Nordeste seria capaz de suprir quase dois terços de toda a demanda nacional por eletricidade.

A vergonha é que os estudos apontam que o índice de aproveitamento eólico na matriz energética brasileira não chega a 1%. A capacidade instalada aqui é muito pequena se comparada à dos países líderes em geração eólica. Hoje, praticamente toda a energia renovável no Brasil é proveniente da geração de hidroeletricidade.

Enquanto o Brasil explora menos de 1% de sua energia eólica, países como Alemanha, Espanha e Noruega utilizam por volta de 10%. Essa conversão da energia cinética dos ventos em energia mecânica é utilizada há mais de três mil anos, mas aqui em Sergipe Albano Franco, Marcelo Déda e até o secretário de Meio Ambiente, Márcio Macedo, juntinhos, querem a energia nuclear.

Para finalizar, leia o que está no sítio do Ministério do Meio Ambiente, senhor Márcio Macedo, sobre energia nuclear:

”Os principais riscos estão associados às emissões de radionuclídeos, como isótopos de xenônio e criptônio, que podem afetar todas as formas de vida, além de aquíferos, solos e atmosfera. Uma das questões mais polêmicas em torno da energia nuclear é a da disposição final dos resíduos, pois não existem, até o presente, depósitos definitivos para esses materiais, que estão sendo estocados provisoriamente em piscinas no interior das próprias usinas..”

fonte:http://cristiangoes.blogspot.com/