Nesta quarta, dia 05, a partir das 15h na Praça Fausto acontece o ato show da Memória, Verdade e Justiça. O evento tem como objetivos: prestar solidariedade aos 6 estudantes que fazem parte do movimento Levante Popular da Juventude que promoveram um escracho público ao médico José Carlos Pinheiro. Pinheiro é acusado de auxiliar os torturadores, em Sergipe, durante a ditadura militar na Operação Cajueiro, ocorrida em 1976.
O ato é promovido pelo Levante Popular da Juventude em Sergipe tem o apoio de várias organizações como a Central Única dos Trabalhadores – CUT/Se, Movimento dos Sem Terra – MST, Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos – MOTU, além de mandatos parlamentares e partidos políticos. O Ato contará com a presença de ex-presos políticos, artistas e militantes de direitos humanos de vários outros Estados que vêm se solidarizarem com os estudantes.
Os professores também participarão do ato. “É importante a presença não só dos educadores, mas também dos estudantes para este ato que será um marco na luta pela Comissão Estadual da Verdade. Não podemos deixar passar esse momento tenebroso da história brasileira, é preciso que a verdade venha a tona e a justiça seja feita”, aponta a presidenta do SINTESE, Ângela Maria de Melo.
O Levante Popular da Juventude realiza desde 2011 “escrachos” (manifestações públicas) em frente à residência ou local de trabalho. Em Aracaju a manifestação aconteceu em frente ao Hospital Maternidade Santa Izabel, do qual o médico é diretor.
O Levante Popular da Juventude realiza desde 2011 “escrachos” em frente à residência ou local de trabalho de suspeitos de participação em sessões de tortura.
O Movimento Nacional de Direitos Humanos em Sergipe divulgou ontem (03) uma nota de solidariedade aos estudantes.
Nota de Solidariedade aos estudantes processados pelo médico José Carlos Pinheiro
O coletivo do Movimento Nacional de Direitos Humanos de Sergipe – MNDH-SE vem, através desta nota, prestar solidariedade aos seis estudantes processados pelo médico José Carlos Pinheiro, acusado de auxiliar os torturadores, em Sergipe, durante a ditadura militar, especialmente na repressiva Operação Cajueiro, em 1976.
Os escrachos realizados pelo Levante Popular da Juventude foram atos realizados em frente às residências ou locais de trabalho de acusados de praticar crimes durante a ditadura. Em várias cidades do país, centenas de jovens saíram às ruas para denunciar esses crimes e defender a instalação da Comissão Nacional da Verdade, com vistas à efetivação dos direitos à memória, à verdade e à justiça. Em Sergipe, os atos aconteceram no Centro e no Hospital e Maternidade Santa Isabel, do qual o médico é o atual diretor.
As manifestações da juventude são legítimas e importantes ferramentas para o aprofundamento da democracia e da efetivação dos direitos humanos. Afinal, reescrever a história do povo brasileiro, sobretudo aguçando a reflexão da sociedade em geral para buscar saber onde estão muitos torturadores da época da ditadura, que cargos ocupam na atualidade é essencial.
Chamar a atenção desta mesma sociedade para a importância de reconstruir a memória da ditadura significa contribuir para minar qualquer possibilidade de retorno a um período da história em que muitos lutadores pela democracia foram executados. É fazer justiça àqueles que foram responsáveis para que hoje mulheres e homens fossem reconhecidos em sua dignidade independente de sua posição político-ideológica. Identificar seus algozes é fundamental para que as práticas de tortura, que ainda perduram sejam finalmente rechaçadas.
É preciso que a sociedade se posicione em favor da democracia e em solidariedade aos estudantes. É necessário garantir as liberdades democráticas, no sentido de possibilitar aos estudantes o exercício da liberdade de expressão.
Afere-se que uma pessoa sem memória, não sabe de onde vem, muito menos para onde vai. Não se percebe enquanto sujeito e vive a ilusão da realidade que lhe for apresentada. Em nossa sociedade, na maioria das vezes é considerado um doente. Um Estado, um país, uma nação sem memória é toda uma coletividade perdida, como um barco à deriva, nas mãos de que timoneiro? Sem memória qualquer um serve. Consciente é inevitável que o povo de fato assuma a direção. Pois que assumamos a direção, restabelecendo a nossa memória e resignificando a nossa história.
Pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos, todo esforço será despendido para que o caso rompa as fronteiras de Sergipe e repercuta nacional e internacionalmente.
Aracaju, 03 dezembro de 2012.
Lídia Anjos
Articuladora do MNDH em Sergipe