Como sempre afirmei, a diferença entre o Presidente Barack Obama e o seu antecessor, George W. Bush,está apenas na cor da pele. Tratam-se de dois capitalistas que estão a serviço dos grandes conglomerados financeiros e que não diferem em nada quando a questão se refere a petróleo. Ou seja, apoio irrestrito a ditaduras e tiranos de países produtores que se submetam aos Estados Unidos, perseguição e eliminação dos adversários (e sequer há necessidade que sejam déspotas para que isso ocorra).
A situação líbia segue o mesmo norte. Conseguidas as condições para se tentar dar cabo ao Governo de Kaddafi, investiu-se em uma insurgência interna, a qual acabou fracassando. Diante disto, ordenou-se o bombardeio do país para viabilizar uma futura invasão, ou dar sobrevida à Guerra Civil ali instalada. O derredor da Líbia explicita muito bem que a questão nada tem a ver com proteção a civis, mas está presa, com exclusividade ao petróleo.
Os fatos fazem me recordar uma música belíssima dos anos 80 que foi gravada por Simone: Cordilheira, de Paulo César Pinheiro. Estamos diante de mais uma “orgia dos farsantes”. São “as cordilheiras desabando”.
Não quero entrar na discussão acerca de o Presidente líbio tratar-se ou não de um tirano, afinal as consequências não serão para ele, mas sempre e invariavelmente sobrará para “as flores inocentes e rasteiras”. O meu objetivo é bem outro.
Quero chamar a atenção para um fato que passou quase desapercebido. Foi noticiado meio de soslaio nos telejornais, os quais não pouparam esforços em render loas ao Imperador, o verdadeiro . Cuida-se da ordem para a guerra.
Sem pedir licença ao Brasil – acho, inclusive, que a ação foi proposital para explicitar a nossa subalternidade, ou para, ao menos, testá-la – o Presidente dos EEUU ordenou: “Faça-se a guerra”. E a guerra se fez, a partir do Gabinete da Presidente do Brasil!
É o extremo do desrespeito à soberania pátria. Um absurdo!
Como se sabe, o Brasil posicionou-se no Conselho de Segurança da ONU, abstendo-se quanto à possibilidade de criação de uma zona de exclusão aérea naquele país do Oriente Médio e quanto ao uso da força para garantir essa zona.
A utilização de um espaço físico pertencente ao Governo Brasileiro para a determinação de atacar a Líbia, portanto, contraria o nosso país e afronta de forma grave a nossa Constituição, mormente os princípios consagrados no art. 1º, inciso I e no art. 4º, incisos IV; VI e VII, ou seja, a soberania; a não intervenção; a defesa da paz e a solução pacífica dos conflitos. Para não falar na auto-determinação e no princípio da não-intervenção.
Mas se foi um ato estúpido, agressivo e deselegante, perpetrado pelo Presidente dos Estados Unidos, de outro lado, foi humilhante para nós, especialmente por haver atestado uma grave inapetência para a defesa dos nossos interesses por parte dos nossos governantes.
Contou-se oficialmente que a Presidente da República foi comunicada do fato imediatamente após a sua ocorrência e, para o nosso desassossego, quedou-se inerte. Teria que reagir com veemência. Protestar. Exigir que fosse expedida uma contraordem, ainda que o ataque pudesse ser ordenado após a saída do Palácio do Planalto.
Sem autorização expressa do Brasil, Obama despachou, expediu um ato administrativo – e não foi um ato qualquer – fazendo uso de um espaço público que não lhe pertence, nem ao povo norteamericano (talvez tenha sido a mais explícita demarcação de território que um Presidente americano já ousou fazer por aqui).
A inação da Primeira Mandatária do Brasil serviu apenas para reforçar a nossa posição submissa. Não fora pela extremada gravidade, seria parecido com o patético show de tietagem da Presidente do Flamengo (o meu Flamengo), a qual deu ao Barack uma camisa do clube.