A exclusão social do sistema educacional no Brasil e em Sergipe foi o principal tema de palestras e debate no segundo dia da IX Conferência Estadual dos Trabalhadores em Educação.
A deputada estadual e professora Ana Lúcia Menezes apresentou indicadores educacionais do Instituto Datasol a partir de dados da PNAD/IBGE, que revelam o mapeamento da exclusão social de crianças e adolescentes na educação pública. “Nos últimos dez anos, a rede estadual perdeu mais de 70 mil alunos”, destacou, ao mencionar a relação da evasão escolar com a falta de políticas publicas que priorizem a educação. “Nossa luta é ampla. Como professores, precisamos romper com um ciclo de desigualdades que reflete no desempenho dos alunos e nas condições de trabalho”, defende.
Na avaliação de Ana Lúcia a mobilização dos professores é um dos instrumentos para enfrentar a exclusão social na educação. “Estes dados nos mostram como nossos alunos e jovens estão sendo excluídos das salas de aula e por isso temos que fazer a nossa parte pelas melhorias das condições da educação, que uma luta fundamental. Assim, conseguiremos construir no chão da escola, a educação pública do nosso país”.
A concentração de renda como geradora da desigualdade social também foi pauta de debates. A partir disso, os palestrantes chamaram a atenção para os indicadores relacionados a idade de anos de estudos distorção idade/série e analfabetismo. “Os indicadores educacionais são alarmantes e desafiadoras. Precisamos fazer valer as mudanças a partir da escola com a formação de cidadãos críticos e em defesa da transformação social”, disse Paulo Roberto Corbucci, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), ao ressaltar como a desigualdade social reflete na educação. Corbucci apresentou análises do PNAD 2008, no qual Sergipe apresenta um dos piores indicadores de analfabetismo, com um índice de 69% de alfabetizados em relação à média nacional.
A professora da Universidade Federal de Sergipe, Sônia Meire Azevedo de Jesus, destacou a estratégia de luta dos trabalhadores da educação para o enfrentamento a concentração de renda, que tem interferência direta na área da educação. Fazendo uma análise dos indicadores econômicos a partir do sistema tributário, a professora falou sobre a necessidade de uma redefinição de políticas públicas que contribuam para a melhoria dos índices na educação e indicadores sociais.
“A discussão da equidade social passa pela educação como instrumento para o enfrentamento das desigualdades históricas que negam a luta da classe de trabalhadores”, enfatizou. Sônia Meire também destacou que apesar dos trabalhadores pagarem mais tributos, o retorno social é ínfimo. “Não dá para fazer a discussão do Sistema Nacional de Educação sem o debate dos outros sistemas que compõem a política nacional. A luta política em defesa da classe trabalhadora é transformar a sociedade capitalista e em uma sociedade socialista”, lembrou.
Os processos da desigualdade social na escola mo contexto da sociedade capitalista também foi tema de discussão feito pela professora da Universidade Federal de Sergipe, Alexandrina Luz Conceição, que defendeu a prática educacional como libertação dos cidadãos da sociedade globalizada e de consumo. Ela destacou a privatização da educação como um dos desafios desse processo. “É preciso desmitificar a problemática da educação. Ao cruzar os braços para estes problemas, estamos enquanto educadores assinando o próprio suicídio”, disse Alexandrina.
O segundo dia de trabalhos foi aberto pelo vice-presidente do SINTESE, Carlos Sérgio Lobão, que parabenizou os participantes da Conferência pelo Dia do Professor. Também houve apresentação do grupo de dança afro formado por alunas do Colégio Leandro Maciel.