Quando o presidente Luis Inácio Lula da Silva sancionou a Lei que instituiu o Piso Nacional do Magistério, fez mais do que beneficiar os cerca de 800 mil professores da rede pública brasileira que ganhavam menos de R$ 950. Numa simples canetada, o presidente colocou a educação em pauta, e revelou as contradições adormecidas no discurso de muitos gestores. Desde então, o compromisso com a educação foi obrigado a largar o travesseiro confortável da palavra, lavar a remela dos olhos e beber um café amargo para agüentar a labuta.
Em Sergipe, assim como no resto do país, a mobilização da categoria foi fundamental para a garantia dos direitos previstos pela tinta apagada da lei. Entre os nossos, não faltaram prefeitos com a cara lavada de choro que encontraram na escassez dos recursos o argumento necessário para ignorar a determinação legal.
De acordo com dados fornecidos pelo Sintese, sindicato que representa o magistério no Estado, somente 33 dos 75 municípios sergipanos já aprovaram a lei do piso. O descaso com a educação, no entanto, extrapola a folha de pagamento e transparece nos prédios das escolas. Um relatório redigido pelo Sintese, disponível no site do sindicato, revela que o quadro observado pela Agência Voz no município de Capela, no último mês de outubro, faz parte do cotidiano da maior parte dos estudantes do interior sergipano.
Ao que parece, a fome suscitada por irregularidades administrativas, paredes rachadas e sujeira acumulada pelos cantos são companheiros muito presentes na vida dos que insistem em freqüentar nossas salas de aula.
Como concluiu o jornalista Henrique Maynart, o pagamento do piso é somente a ponta do iceberg. Uma pedra de gelo monstruosa que esconde a ausência de um modelo de educação que envolva o conjunto do magistério, pais e alunos, além do próprio poder público.
fonte: http://agenciavoz.com.br/