O processo de fragmentação e precarização que a lógica neoliberal e flexível vem promovendo no mundo do trabalho e na classe trabalhadora é fundamental para o entendimento da realidade atual do capitalismo e da educação. O processo de fragmentação e precarização que a lógica neoliberal e flexível vem promovendo no mundo do trabalho e na classe trabalhadora é fundamental para o entendimento da realidade atual do capitalismo e da educação.
Desde a crise de 73, uma crise gerada pela não equivalência lucrativa ao grande potencial produtivo da lógica fordista/taylorista e pela queda das taxas de consumo – resultado da perda do poder de consumo pelo desemprego estrutural ainda em fase inicial – o capital promove uma verdadeira investida contra a classe trabalhadora reestruturando a produção e implementando/impondo uma nova ideologia fragmentária e individualista à sociedade, sobretudo aos trabalhadores.
Ao contrário do trabalhador massificado da produção fordista/taylorista que se organizava em sindicatos fortes e com grande poder de negociação dado pelo alto grau de coletivização entre os trabalhadores, a lógica toyotista/flexível e neoliberal reafirma e intensifica a exploração do trabalho na sua forma capitalista.
As alterações introduzidas por essa nova lógica consistem basicamente em transformar o trabalhador alienado e extremamente especializado numa dada função da produção em trabalhador “multifuncional” (não menos alienado e explorado); organizam a produção em times setoriais com gratificações àqueles com melhor desempenho o que, por sua vez, promove a concorrência entre os trabalhadores fragmentando-os politicamente; terceirizam grande parte da mão-de-obra, rebaixam salários e, sobretudo, demitem.
Para a educação, essa tem sido a tendência definidora das políticas do governo do Estado de Sergipe. Salários rebaixados, professores multifuncionais e competindo entre si por melhores gratificações, perda da autonomia docente e as parcerias com empresas privadas, são algumas das fortes evidências da forma de inserção do neoliberalismo na educação sergipana.
Um dado interessante na conformação da tendência à precarização do ensino, seja pela perda da autonomia docente ou pela aceleração no processo de aprendizagem como meio de inserção das medidas neoliberais, pode ser observado na forma com estão sendo adotados, principalmente nas escolas da rede estadual de Sergipe, os pacotes e projetos conhecidos como “5S”, “Se Liga”, “Acelera”, “Alfa e Beto”.
Como podemos constatar no gráfico abaixo o projeto conhecido como “Se Liga” já está presente em 42,2% das escolas da rede estadual de Sergipe, o “Acelera” em 38,5%, “Alfa e Beto” em 50% e o “5S” em 52,9%. Tudo em nome das axiomáticas “parcerias público-privado” e pelo “progresso” do capital.
Gráfico 2
Escolas da rede estadual de Sergipe que desenvolvem os projetos e pacotes neoliberais
Fonte: Perfil 2006 – SINTESE
A tendência neoliberal tem se inserido de forma bastante significativa nas estruturas sociais. Tal processo se desenvolve acompanhado por uma profunda reestruturação das bases ideológicas e materiais pela qual o mundo moderno caminhou e produziu. Tornam-se, então, comuns os discursos que afirmam a superação do capitalismo pela emergência de uma sociedade pós-moderna e pós-estruturalista. Contudo, o que se verifica é a intensificação das relações capitalistas em escala mundial, a partir da chamada “globalização”, sustentada no aumento da exploração do trabalho.