Até sábado, 17, o Conselho de Representantes do SINTESE (CERES), composto por diretores, coordenadores de subsedes e representantes de base, estará reunido em Aracaju para deliberar ações e políticas de luta para o Sindicato ao longo de 2015.
O CERES começou na quinta-feira, 15, e teve como primeira atividade um debate sobre Analise de Conjuntura Nacional e Local, facilitado pelo jornalista e editor da Revista Pulo Freire, Paulo Victor Melo, e pelo dirigente da CUT e do SINTESE, Roberto Silva.
O jornalista Paulo Victor abriu o debate e fez uma analise do atual cenário político brasileiro. Para o debatedor nos últimos anos o discurso conservador e reacionário tem ganhado força na sociedade brasileira, sobretudo entre os jovens. “O conservadorismo não tem mais medo de mostrar a cara. O pensamento conservador não está mais no armário, ele está na rua”, analisa.
Para demonstrar como o conservadorismo está se fortalecendo nas esferas sociais e políticas, o editor da Revista Pulo Freire levou um dado do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), que aponta que o perfil dos parlamentares do Congresso Nacional, que começaram a legislar neste ano de 2015, é o mais conservador desde 1964. “O atual cenário demonstra que podemos passar por um período de retrocesso no que diz respeito aos direitos civis e a legislação trabalhista”, visualiza o jornalista.
Paulo Victor acredita que a construção de uma unidade pode combater o crescimento do pensamento conservador. “Devemos construir uma unidade com diversos setores para enfrentarmos o pensamento conservador. O movimento sindical deve, neste processo, buscar se reinventar, pensar em novos métodos e linguagens para convencer esta nova juventude trabalhadora”, avalia.
O jornalista apontou ainda a necessidade de se aplicar políticas públicas casadas a reformas estruturais. “Ainda existe uma enorme concentração de poder em determinados setores de nossa sociedade que inibe a ‘democratização da nossa democracia’, é preciso fazer reformas estruturais: reforma agrária, reforma tributária, reforma urbana. Ou fazemos política pública associada à reforma estrutural ou a desigualdade irá permanecer”, pontua Paulo Victor.
Conjuntura de Sergipe
O dirigente da CUT e do SINTESE, professor Roberto Silva, fez uma analise do momento político vivido em Sergipe. O professor pontuou sobre a reforma administrativa feita pelo governador Jackson Barreto no apagar das luzes de 2014.
A princípio o governo trouxe para a sociedade uma ideia de que tal reforma servira para moralizar o estado, enxugando a máquina, através da demissão de cargos comissionados. Mas após o processo de exoneração dos cargos em comissão, o governo apresentou um pacote de medidas que oneravam os servidores do estado e que foram aprovadas pela Assembleia Legislativa.
“Pouco após exonerar todos os CCs [cargos comissionados] o governo os recontratou novamente e de dezembro até agora, de acordo com dados do Diário Oficial do Estado, mais 1.600 pessoas foram nomeadas para cargos em comissão. O governo do estado onerou servidores apresentado o projeto que colocava fim no terço, um projeto aprovado ilegalmente pela Assembleia Legislativa de Sergipe, uma vez que foi recursados por duas vezes nas comissões” relembrou, Roberto Silva.
O dirigente sindical apontou que o discurso da crise financeira foi usado pelo governador, Jackson Barreto, para retirar direitos dos trabalhadores e que este mesmo discurso também vem sendo usado por prefeitos de diversos municípios sergipanos, que atrasam ou deixam de pagar salários de professores e demais servidores.
“Este discurso de crise usado pelos prefeitos e pelo governador está deixando a população confusa. De um lado os sindicatos afirmam que há dinheiro, mas o que falta é vontade política e de outro os prefeitos e o governador dizendo que não há verbas. O desafio da classe trabalhadora será discutir e dialogar com a sociedade para não perdermos mais direitos do que já foram retirados”, indica o professor Roberto Silva.
O professor e vereador por Aracaju, Iran Barbosa, também participa do CERES e contribuiu com o debate sobre analise de conjuntura nacional e local.
Deliberações do CERES
O CERES se dedicará ainda a debater o piso salarial do magistério para 2015, reajustado em 13,01%. Os conselheiros farão o balanço das lutas empreendias em 2014 e traçarão novos planos de luta e mobilização para as redes municipais e estadual dentro do ano de 2015. Será discutido o processo de mobilização para a construção do plano estadual e dos planos municipais de educação. Serão feitas também as deliberações para a construção do XV Congresso Estadual de Educação do SINTESE. Durante os quatro dias de Ceres o calendário de luta para 2015 dos professores da rede pública de Sergipe será definido.