Desde 2012 a comunidade escolar do Colégio Estadual Dom Juvêncio de Brito, em Canindé de São Francisco, sofre com problemas na rede elétrica da unidade de ensino. Tudo começou após obras de ampliação serem feitas no Colégio sem que a rede elétrica fosse também ampliada, o que gera uma sobrecarga na rede. Com isso, os estudantes e professores devem optar: ou ligam a luz da sala ou ligam o ventilador. Caso os dois sejam ligados ao mesmo tempo há queda na energia.
Cansados desta situação, que se arrasta há quase três anos, os estudantes do Colégio Estadual Dom Juvêncio de Brito decidiram paralisar suas atividades na última segunda-feira, 16, e realizaram ato pelas ruas de Canindé para denunciar o problema e pedir apoio a população. O ato teve a adesão de professores e funcionários do Colégio.
De acordo com a secretária do Dom Juvêncio de Brito, Maria Gorete de Souza Andrade, desde que o problema foi constatado, a diretora do Colégio envia ofícios a Diretoria Regional de Educação (DRE 09) para exigir que a Secretaria de Estado da Educação (SEED) tome as providências necessárias. A direção do Colégio enviou também ofício a Promotoria de Canindé de São Francisco para pedir uma intervenção que busque solucionar o problema.
“Ninguém assume o problema. Os engenheiros mandados pela SEED falam que o problema é da Energisa. A Energisa por sua vez diz que o problema deve ser resolvido pela SEED, fica um jogando para o outro a responsabilidade. Por conta dos problemas na rede elétrica já tivemos prejuízos tanto financeiros como pedagógicos. Os estudantes não podem usar os computadores, o ar condicionado da sala dos professores queimou, tivemos problemas com os freezers e geladeiras. Sem falar no calor insuportável que fica a sala de aula quando não dá para ligar os ventiladores. É absurda a situação a qual estamos sendo submetidos”, avalia a secretária do Colégio.
O estudante do 3º ano do ensino médio do Dom Juvêncio de Brito, membro da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Canindé e um dos organizadores do ato, Damião Feitosa, contou que pouco antes de saírem de férias, no fim do ano passado, a DRE 09 e a direção da escola disseram que quando o ano letivo de 2015 se iniciasse o problema da rede elétrica estaria resolvido.
“Já no primeiro dia de aula de 2015 houve uma queda de energia [as aulas no Dom Juvêncio de Brito iniciaram no dia 23 de fevereiro]. No ano passado não tivemos aulas na quadra esportiva no turno da noite devido ao problema. Além disso, no ano passado também passamos oito dias sem aula. Para ter uma ideia, o calor é tão grande dentro das salas que muitas vezes os professores têm que dar aula no pátio. Diante de tudo isso, nós do movimento estudantil decidimos nos mobilizar para exigir mais respeito e exigir também uma atitude imediata da Secretaria de Estado da Educação”, cobra o estudante, Damião Feitosa.
Para o professor polivalente do Colégio Dom Juvêncio de Brito, Marcelo Rodrigues, a mobilização dos estudantes é legítima. “Este ato tem o total apoio do corpo docente do Colégio Estadual Dom Juvêncio de Brito. Todos nós estamos sofrendo com a situação, quando chega 9h da manhã fica quase impossível de darmos aula, o calor é terrível. Os estudantes estão sendo prejudicados no processo de aprendizagem por conta de um problema mínimo, que poderia ser resolvido com boa vontade política”, pondera o professor.
Durante o ato, a estudante do 2º ano do ensino médio e membro da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Canindé, Ytamara Feitosa, lembrou que os problemas do Colégio Estadual Dom Juvêncio de Brito, não se resumem somente a parte elétrica da unidade de ensino. “Não merecemos uma ‘sauna de aula’ porque é isso que as nossas salas parecem: uma sauna, tamanho é o calor. Mas os problemas não acabam aí. Sofremos também com uma alimentação escolar de baixa qualidade, que se resume praticamente a broa e suco. Funcionários da escola já tiveram que fazer cota, tirar dinheiro do próprio bolso, para não deixar que os estudantes ficassem sem merenda. Faltam funcionários na secretaria. Com isso tudo acontecendo eu pergunto: Onde está a Diretoria Regional de Educação? Onde está a Secretaria de Estado da Educação? Não merecemos este tratamento”, afirma a estudante.
Presente no ato, a diretora do departamento de Base Estadual do SINTESE, professora Cláudia Oliveira, disse que não é admissível o que está acontecendo no Colégio Estadual Dom Juvêncio de Brito. “O descaso da SEED fez com que os estudantes precisassem paralisar suas atividades e saírem às ruas para exigir elementos básicos para o funcionamento do Colégio: energia elétrica, alimentação escolar de qualidade e funcionários para a escola. É absurdo que estes elementos estejam sendo negados aos estudantes. O SINTESE irá enviar ofício a Secretaria de Estado da Educação e ao Ministério Público para que as devidas providências sejam tomadas o quanto antes”, coloca a diretora do SINTESE.
Alimentação escolar e falta de funcionários
A secretária do Colégio, Maria Gorete de Souza Andrade, também apontou os problemas com alimentação escolar e confirmou que os funcionários já tiveram que fazer cota para comprar alimentos para serem servido na hora do lanche aos estudantes. Maria Gorete contou ainda que do início do ano letivo até agora chegaram apenas broa, biscoito e suco para compor a alimentação escolar.
De acordo com a Resolução nº 38/2009, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar, a alimentação escolar deve ser composta por itens variados que garantam uma alimentação saudável e balanceado aos estudantes, como consta no parágrafo 3, do Artigo 15 da Resolução.
“Os cardápios deverão ser diferenciados para cada faixa etária dos estudantes e para os que necessitam de atenção específica, e deverão conter alimentos variados, seguros, que respeitem a cultura, tradições e hábitos alimentares saudáveis, contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a melhoria do rendimento escolar”
A Resolução nº 38/2009 também é clara ao estabelecer no inciso II, do artigo 17 que “é restrita a aquisição de gêneros alimentícios – enlatados, embutidos, doces, alimentos compostos (dois ou mais alimentos embalados separadamente para consumo conjunto), preparações semiprontas (ou prontas) para o consumo, ou alimentos concentrados (em pó ou desidratados para reconstituição)”.
Outro problema registrado pela secretária foi a falta de funcionários no setor administrativo da escola.