Professores participam de ato contra o vereador Agamenon Sobral

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Professores da rede estadual participaram na manhã desta terça-feira, dia 10, de ato em repúdio ao vereador por Aracaju, Agamenon Sobral, que ofendeu frontalmente as mulheres trabalhadoras de Sergipe. A manifestação compôs a agenda de luta da paralisação dos professores da rede estadual. A categoria está paralisada desde o dia 2 de junho.

O vereador Agamenon Sobral tem agredido sistematicamente, em tribuna e em diversos veículos de comunicação, professores e professoras da rede pública de Sergipe. Agamenon chamou os professores de vagabundos e preguiçosos. Com argumentos rasos e chulos, o vereador acusou ainda o SINTESE de destruir a educação pública de Sergipe. Tais agressões geraram processos de diretores do SINTESE e demais professores contra o vereador.

As mais recentes vítimas dos despautérios de Agamenon foram as enfermeiras. O vereador acusou as profissionais da enfermagem, que trabalham no Hospital de Urgência de Sergipe, de irem para motéis com médicos no horário de expediente. Além disso, o vereador usou palavras de baixo calão e agrediu verbalmente a Presidente do sindicato de enfermagem dentro da câmara de vereadores, quebrando o decoro parlamentar.

As atitudes ofensivas, machistas e preconceituosas de Agamenon Sobral culminaram no ato desta terça-feira. Durante a manifestação trabalhadoras e trabalhadores da educação, enfermagem, serviço social, jornalistas e estudantes pediram a cassação do vereador Agamenon Sobral, que se utiliza de sua imunidade parlamentar para agredir de forma gratuita a classe trabalhadora.

No entanto, os alvos principais da ira bestial do vereador, Agamenon Sobral, são as categorias de trabalhadores formadas majoritariamente por mulheres, o que demonstra sua misoginia. A vice-presidente do SINTESE, Ivonete Cruz, em sua fala durante o ato, fez questão de apontar esta covarde predileção de Agamenon.

“Não podemos admitir que nós mulheres, professoras, enfermeiras, advogadas, serventes, cientistas, enfim qualquer mulher, seja desrespeita, seja agredida desta forma. Agamenon além de machista e preconceituoso é covarde. Os agentes penitenciários estão em greve, quando foi que Agamenon teve coragem de falar mal desta categoria? Ou de agredir verbalmente policiais? Por quê? Porque ele [Agamenon Sobral] tem medo. Agamenon Sobral pensa que mulher pode ser tratada de qualquer jeito. Mas nós mulheres, que compreendemos o nosso papel, que sabemos o papel que temos na sociedade, precisamos estar unidas para dizer a este vereador que não vamos admitir a falta de respeito, o machismo, o fascismo e a intolerância contra as mulheres”, afirma Ivonete Cruz.

Participantes

Além do SINTESE, participaram também do ato contra o vereador Agamenon Sobral a Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), Marcha Mundial de Mulheres, Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH/SE), Sindicato dos Assistentes Sociais de Sergipe, Federação Nacional dos Enfermeiros, Levante Popular da Juventude, Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe, Central Única dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/SE), Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (SINDIJOR), Federação Nacional dos Enfermeiros, Sindicato dos Trabalhadores da Saúde.

Veja abaixo a nota de repúdio lançada por estas e por demais entidades

Nota de Repúdio ao Vereador Agamenon Sobral

As entidades que subscrevem essa nota vêm a público repudiar as agressõesverbais sexistas do vereador Agamenon Sobral (PP), que na última terça-feira, 03/06, ultrapassou os limites não só do decoro parlamentar, mas também do respeito à sociedade sergipana, em especial, às mulheres trabalhadoras.

Desde o início deste, que é o seu primeiro mandato, ele tem se utilizado da imunidade parlamentar para agredir trabalhadores e trabalhadoras do serviço público e as suas organizações sindicais. Seus mais recorrentes alvos são os trabalhadores do Magistério e da Enfermagem.

O ápice da grosseria ocorreu no dia, 03, quando agrediu verbalmente, por duas vezes, a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Enfermagem de Sergipe, Flávia Brasileiro. A primeira agressão ocorreu quando a sindicalista encontrava-se na sala da presidência da Casa, e depois, no plenário, quando a representante da categoria, que ocupava a tribuna livre, repetiu para os demais parlamentares a agressão verbal que ouvira do vereador do PP.

Em síntese, buscando acusar as enfermeiras de utilizarem o horário de trabalho para práticas sexuais em motéis, o vereador acusou as enfermeiras de fazerem “boquete” nos médicos e mandou a presidenta do Sindicato de Enfermagem “se fuder” – expressões que demonstram desequilíbrio para o cargo político que ocupa – de representante do povo, cuja função impõe o dever político de representar os anseios da sociedade e não desqualificar quaisquer categorias de trabalhadoras e trabalhadoras. Essa postura, em nosso entendimento é agressiva e, para além de atingir apenas a classe das enfermeiras, atinge todos os demais coletivos de mulheres trabalhadoras, uma vez que reproduz valores que só geram uma cultura de ódio, machismo e preconceito em relação às questões de gênero.

Sabemos que o problema na Saúde, ou de qualquer outro serviço público, não pode pesar sobre os ombros de quem depende de uma série de condições para que o trabalho seja efetivado, isso por si só, já seria um erro incomensurável. Entretanto, não obstante, o vereador Agamenon Sobral, além de afirmar que os problemas dos atendimentos médicos estão no corpo profissional, deferiu uma série de acusações levianas, colocando as enfermeiras – e as mulheres sergipanas como um todo – em um grau de exposição que jamais se viu na história de Sergipe, reforçando um estereótipo de mulheres enquanto objeto sexual, algo, infelizmente, ainda tão perpetuado na nossa sociedade sexista.

Se há problemas na prestação de serviços à população por parte de alguns servidores públicos, cabe a ele, como fiscal da população, encaminhar as denúncias aos órgãos competentes para que sejam apuradas e, caso se mostrem verdadeiras, que as providências sejam tomadas.

É flagrante que o vereador já fez “uso de expressões consideradas impróprias contra outros vereadores ou acusações levianas, sem comprovação. O triste episódio ocorrido na Câmara de Vereadores de Aracaju, é prova, mais uma vez, de que o vereador Agamenon Sobral não tem se mostrado digno de exercer um mandato de parlamentar, e quiçá, um cidadão que saiba os seus direitos e deveres dentro de um Estado Democrático de Direito.

Por todas essas razões, conclamamos que após mais essa intolerável postura condenável do vereador Agamenon Sobral, a mesa diretora do parlamento aracajuano faça valer o artigo 98 da Lei Orgânica do Município de Aracaju, que com certeza condizirá com quebra de decoro parlamentar, devendo por esse motivo ser punido com a cassação de seu mandato.

Marcha Mundial de Mulheres
Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH/SE
Central Única dos Trabalhadores – CUT/SE
Sindicato dos Assistentes Sociais de Sergipe
Federação Nacional dos Enfermeiros
Levante Popular da Juventude
Diretório Central dos Estudantes da UFS – DCE/UFS
Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe
SINTESE
Confederação Nacional dos Trabalhadores de Saúde
Central Única dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB/SE
Sindicato dos Condutores de Ambulância de Sergipe – SINDICONAM/SE
Sindicato dos Jornalistas de Sergipe – SINDIJOR
Associação Nacional dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem
Sindicato dos Trabalhadores da Saúde
Associação Brasileira de Enfermagem
Associação Brasileira de Enfermagem – Seção Sergipe
Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem