
O Comitê (Educampo), criado em 2005, conta com a participação do Ministério da Educação (MEC), da Secretaria do Estado da Educação (Seed), Incra, Universidade Federal de Sergipe, Instituto Federal de Ensino Superior (IFS), além de diversas representações de movimentos sociais como o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Também faz parte dessa composição o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica de Sergipe (Sintese).
O encontro teve como objetivo a construção de políticas públicas junto aos órgãos competentes que visem garantia e melhorias para educação dos filhos e das filhas dos trabalhadores do campo em Sergipe. Neilton Diniz, diretor do Dep. de Bases Municipais do Sintese, participou da primeira mesa temática e discutiu junto com a professora da Universidade Federal de Sergipe Sônia Meire de Jesus, as estratégias de inserção da educação no campo. Antes disso, o professor Hudson Veigas, membro do Comitê, fez uma explanação alertando para as falhas sintomáticas no sistema de ensino do campo, que muitas vezes não respeita as dinâmicas do lugar.
Educação multisseriada x nucleação
É sabido que o fator de localização da população se constitui enquanto elemento intensificador da desigualdade de oferta na realidade educacional brasileira de hoje. Em Sergipe a situação se reproduz de forma similar.
A saída encontrada para os problemas de evasão escolar está longe de resolver a questão e de garantir um estudo digno para as crianças e os adolescentes do campo. Educação multisseriada, segundo o ponto de vista da direção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica (Sintese), é prejudicial aos alunos que acabam sendo obrigados por uma questão estrutural a caminhar no ritmo dos alunos das séries mais avançadas, o que causa prejuízos aos alunos das séries iniciais que ficam sem o acompanhamento devido.
Neilton Diniz lembrou que o Sintese não defende o fechamento de escolas, mas que é preciso fazer uma avaliação correta da situação das escolas do campo e, sobretudo, das condições que estas têm ou não de funcionamento.
“Isso não quer dizer que você saia por aí fechando escolas. A discussão que o Sintese faz claramente é a seguinte: não dar para ter escolas com três alunos. O Sintese defende uma nucleação dentro do próprio campo. A gente não quer o que o aluno do campo tenha de vir para a cidade não”, defendeu Neilton.
Resultados
O apelo da representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Sergipe (Fetase) fez com que a deputada estadual Ana Lúcia Menezes (PT) se comprometesse a encaminhar uma indicação para a Secretaria do Estado da Educação (Seed), através da Comissão de Educação, Lazer, Cultura e Esportes da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) para que se viabilize a Conferência Estadual de Educação do Campo, com um caráter deliberativo e consultivo.