Veja abaixo a íntegra do documento.
Aracaju(Se), 14 de agosto de 2014
Ofício nº 1497 /2014
Senhor Governador,
Nenhum adjetivo traduz o sentimento que se abateu sobre o Magistério com a tragédia ocorrida na noite do dia 12 deste mês, na sala dos professores da Escola Estadual Olga Barreto, situada no Conjunto Eduardo Gomes, em São Cristóvão, quando o Professor Carlos Cristian foi atingido com cinco tiros disferidos por um aluno, correndo risco de vida e, sobrevivendo, com grande probabilidade de ficar paraplégico. Professor e aluno são vítimas do modelo atual de sociedade e esse fato deixará sequelas, físicas e psicológicas, para o resto de suas vidas.
E inconteste que a violência no interior das escolas públicas é recorrente e este Sindicato sempre clamou e clama às autoridades por providências no sentido de garantir a segurança nas escolas e, sobretudo, no entorno delas, todavia nunca somos ouvidos. As medidas de segurança são tomadas provisoriamente sempre sob o clamor de cada tragédia e nunca nenhuma mudança ocorre na gestão dos estabelecimentos de ensino que convivem com o caos pedagógico e administrativo.
O Governo de Sergipe possui uma dívida para com a escola pública. As gestões que se sucederam na Secretaria de Estado da Educação produziram o “processo de exclusão social da escola”. A SEED ao longo dos anos virou o balcão de negócios sem escrúpulos da base aliada dos governos de Sergipe. Esse modelo fracassou. A violência contra os Profissionais do Magistério e Estudantes é apenas um sintoma dos gravíssimos problemas educacionais de Sergipe.
Nenhuma forma ou expressão de violência pode ser naturalizada, muito menos tratada de forma descontextualizada das graves questões sociais onde as comunidades escolares estão inseridas ou tratadas apenas com medidas individualizadas de repressão. No caso especifico das ocorridas nas unidades de ensino, sabemos que nesse espaço são refletidas as mazelas da sociedade. Problemas sociais graves, como desemprego, o uso de drogas, tráfico de armas, alcoolismo, desajustes familiares, falta de políticas públicas de educação, saúde, emprego, enfim, falta de compromisso dos gestores públicos para com a dignidade dos cidadãos geram violência social.
No nosso entendimento, o modelo de gestão precisa ser transformado, daí a nossa luta é por uma gestão democrática da escola. A organização, a estrutura, o funcionamento e a gestão do Sistema Educacional de Sergipe precisam ser urgentemente repensados. O vazio pedagógico não pode continuar sendo a marca promotora da SEED. As Comunidades Escolares convivem e conhecem as variantes da violência existente no seu entorno, como também o modus operandi do tráfico de drogas e de armas nas proximidades das escolas, porque as ações da Secretaria de Estado de Segurança Pública são tão ineficazes?
Desse modo, solicitamos a Vossa Excelência o agendamento de uma audiência, com a brevidade possível, para discutirmos políticas públicas capazes de superar o caos na gestão da educação pública, a questão da segurança nas escolas públicas deste Estado, a definição de um programa de formação continuada dos Profissionais do Magistério, a imperiosa necessidade da construção dos projetos pedagógicos das escolas e a mudança da concepção de modelo de gestão dos estabelecimentos de ensino estaduais.
Atenciosamente,
Angela Maria de Melo
Presidenta do SINTESE
Exmo. Sr.
Dr. Jackson Barreto de Lima
DD. Governador de Sergipe
Palácio dos Despachos
Aracaju – Sergipe