A situação da educação em Carira, na região Agreste do estado, pode ser definida com uma única palavra: caos. Se não bastasse a suspensão do transporte escolar no município e as péssimas condições de infraestrutura das escolas da rede municipal, os professores estão com atrasos permanentes nos salários e pagamentos de outros direitos por parte da administração da prefeita Gilma Chagas (PSC).
Em Carira, o permanente atraso no pagamento dos salários dos profissionais do magistério inclui, ainda, os aposentados, que também não receberam os meses de novembro de 2011, e julho, agosto e setembro de 2012. O Ministério Público impetrou ação judicial contra a prefeita.
Por conta desses problemas, os professores da rede municipal estão em greve desde 21 de setembro.
A prefeita tem se recusado a negociar os acordos feitos com a categoria. Em audiência no dia 31 de agosto, ficou acordado com a administração municipal que o 1/3 (um terço) ferial referente ao mês de janeiro de 2011 seria pago em duas prestações, respectivamente, nos meses de agosto e setembro de 2012; o 13º (décimo terceiro) salário referente ao ano de 2008 e metade do 13º salário dos professores que fizeram aniversário em novembro de 2011 seriam pagos em três prestações, respectivamente, nos meses de outubro a dezembro de 2012; o 13º (décimo terceiro) salário referente ao ano de 2010 seria pago em cinco prestações, respectivamente, nos meses de janeiro a maio de 2013, e que o pagamento do 1/6 (um sexto) ferial desde o ano de 2005 também seria pago de forma parcelada.
A proposta negociada com a prefeita foi aprovada pela categoria, mas não foi cumprida. Na
audiência marcada com Gilma Chagas para efetivar o acordo, no dia 13/9, a prefeita não compareceu, num total desrespeito aos professores e à direção do SINTESE.
audiência marcada com Gilma Chagas para efetivar o acordo, no dia 13/9, a prefeita não compareceu, num total desrespeito aos professores e à direção do SINTESE.
Para além disso tudo, a prefeitura de Carira não cumpre com a Lei Federal 11.738, que dispõe sobre o Piso Salarial Profissional Nacional do Magistério. Os professores da rede municipal ainda recebem o piso de R$ 1.024,00, referente ao ano de 2010.
Alunos e trabalhadores em risco
As péssimas condições de infraestrutura das escolas da rede municipal de Carira põe em risco as vidas de estudantes (a escola comporta Educação Infantil) e dos trabalhadores em educação. A situação mais grave é a da Escola Municipal Professora Ilda Almeida Dutra, localizada na Rua Juarez de Lima Oliveira, no bairro Matadouro Velho. O maior risco é o problema relativo à laje do prédio que cobre o pátio. A laje apresenta rachaduras, infiltrações, vazamentos e problemas de fiação.
A escola já recebeu visitas de técnicos contratados pela Prefeitura que apontaram, inclusive, os inúmeros problemas de infraestrutura, e que esses problemas são uma permanente ameaça à integridade física dos alunos, professores e servidores administrativos. Apesar disso, mesmo o SINTESE tendo recorrido à direção da escola propondo a necessidade da remoção das pessoas e reforma da escola com urgência, nenhuma ação efetiva foi tomada até hoje.
“A situação não está fácil. Já fizemos tudo o que foi possível para tentar reverter essa situação, mas diante da derrota eleitoral da prefeita, vejo que ela pouco está ligando se estamos em greve, se os alunos estão sem aula, ou com as dívidas do município com os professores e os problemas da cidade. Por isso provocamos mais uma vez o Ministério Público, que acionou a Justiça, e nesta quinta-feira (18), o SINTESE terá audiência com o juiz da Comarca para tentar buscar uma solução que ao menos garanta os próximos salários e os nossos direitos, porque tememos que o que já está ruim fique ainda pior”, explica o professor Givaldo Costa, delegado de base do SINTESE em Carira.