Após 54 dias de greve os professores da rede municipal de Arauá decidiram, em assembleia da categoria, ocorrida na noite de terça-feira, 12, retornar a suas atividades a partir de segunda-feira, 18. Durantes os dias de greve os professores contaram com o apoio incondicional da população de Arauá e principalmente de pais e estudantes da rede municipal, que compreendem que a luta dos professores é por uma educação digna e de qualidade social.
Para marcar o fim da greve, os professores farão nesta sexta-feira, dia 15, uma caminhada pelas ruas da cidade, onde dialogarão com a população e seguirão em direção à prefeitura com o objetivo de protocolar ofício comunicando a decisão da categoria. A concentração da caminhada será às 9h, na Escola Municipal Joaldo Costa.
O principal motivo que levou os educadores de Arauá a finalizarem o movimento grevista é não prejudicar o ano letivo de 2014. Além disso, a irredutibilidade da administração municipal nas negociações fez com que os professores tivessem receio da prefeita, Ana Helena Andrade Costa (conhecida como Dona Ana), cortar salários e solicitar intervenção judicial para por fim a grave.
O que levou a greve?
Até a presente data, a prefeita Ana Helena Costa, não concedeu o reajuste do piso salarial de 2014 aos professores da rede municipal. A Lei Federal 11.738/2008, que garante o pagamento do piso salarial aos professores da rede pública de todo o Brasil, é clara ao colocar que o reajuste do piso deve ser concedido anualmente sempre em janeiro. Para este ano o reajuste foi estabelecido em 8,32%.
Além de não conceder o reajuste do piso de 2014, a prefeita não pagou parte do reajuste do piso de 2012 e ainda acumula passivos trabalhistas desde 2011. Os professores lutam também por reforma nas escolas, por alimentação escolar de qualidade, gestão democrática e transparência na utilização de recursos destinados a educação de Arauá.
Tentativa de negociação
Um canal de negociação e diálogo foi aberto. No entanto os professores consideraram a proposta apresentada pela prefeitura inaceitável e indecorosa.
A proposta inicial apresentada pela administração municipal representava um retrocesso, uma vez que extinguiria a gratificação por atividade de regência de classe e não se comprometia com o pagamento de dívidas atrasadas. Neste sentido, a greve é vitoriosa, tanto no aspecto econômico como no que se refere à autoestima da categoria, que está forte e unida. Os professores mostraram a prefeitura que não aceitam negociar a partir da perda de direitos.
A luta continua
Mas o fim da grave não significa o fim da luta. Os professores continuarão a exigir que a prefeita garanta educação digna aos filhos e filhas dos trabalhadores de Arauá, respeite o direito do magistério, cumpra a lei e pague o piso.
“Assumimos o compromisso de repor as aulas que não foram ministradas durante a greve. Queremos agradecer a todos, principalmente aos pais e alunos da rede municipal, que acompanharam, torceram, incentivaram e que de forma direta ou indireta contribuíram para a nossa luta. Saímos de cabaça erguida e com sentimento de vitória. Continuaremos na batalha para assegurar os nossos diretos e os direitos de nossos estudantes. Ainda não acabou. Continuaremos mobilizados”, garante o delegado sindical, professor Valfrido Alves da Silva.