Como a ênfase nas competências socioemocionais na educação básica pública tem fomentado a negação do direito à Educação das crianças e jovens. Esse foi o tema do debate realizado pelo SINTESE no primeiro dia da Jornada Pedagógica no município de Carira, na última quarta, dia 01.
O presidente do SINTESE, Roberto Silva dos Santos começou explanando sobre o direito à Educação e a aprendizagem contidos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e nos planos nacional, estadual e municipal de educação e como eles devem ser garantidos pelos entes federativos.
Para que os estudantes tenham o direito à educação e aprendizagem garantidos não depende somente do professor e da professora, mas de uma série de fatores como: transporte, alimentação, material didático, escolas bem estruturadas, condições de trabalho e valorização dos profissionais da Educação, e da condição sócio econômica do estudante.
“Não dá para jogar somente na responsabilidade do professor e da professora que está em sala de aula, o aprendizado ou não do estudante, é preciso que as gestões das escolas, as secretarias municipais de educação e os prefeitos e prefeitas também assumam seus papeis de garantir as condições de trabalho aos docentes e também de acesso e permanência dos estudantes nas escolas”, afirma Roberto Silva dos Santos.
Nem só de competência socioemocional se vive
O dirigente também desmistificou o papel das competências socioemocionais na recuperação da aprendizagem. Para essa vertente, que está em voga no Brasil, a escola precisa se preocupar menos com a formação intelectual, artística e filosófica e mais com a gestão das emoções. A base disso tem sido o Empreendedorismo. O que se tem hoje é uma ênfase nesse aspecto como se ser socio emocionalmente apto seja a solução para todos os problemas.
Os jovens de hoje e trabalhadores do futuro são formados para aguentar todo o tipo de pressão, assédio, a exploração por parte dos patrões.
Em um cenário de crises cíclicas do capitalismo, onde o desemprego é a consequência imediata, o empreendedorismo, da forma que é construído pelas competências socioemocionais, surge como “solução”. Mas, para quem efetivamente enxerga a Educação como fonte para que homens e mulheres possam questionar e transformar o mundo em que vivem, esse tipo de empreendedorismo só traz alienação e manutenção das coisas como elas estão.
“O empreendedorismo que vemos sendo construído nas escolas transforma o jovem não em protagonista, mas em o único culpado pela sua pobreza, pelo seu desemprego e não o sistema econômico social que gera desigualdade, que concentra riqueza e que exclui a maioria do povo”, frisa o presidente do SINTESE.
Para saber mais sobre as competências socioemocionais assistam esta live
Importância do Plano Político Pedagógico
Nesse cenário, Roberto destacou a importância do Projeto Político Pedagógico, construído de forma coletiva e do plano de trabalho docente na perspectiva da recuperação da aprendizagem dos estudantes e qual o papel da secretaria de Educação em garantir as condições objetivas para que este trabalho seja feito.