CUT/SE promove debate sobre a Ditadura Militar com o filho do líder revolucionário Carlos Mariguella

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Dando continuidade  as ações em prol da Comissão da Verdade e abertura dos arquivos da Ditadura Militar, a Central Única dos Trabalhadores de Sergipe (CUT/SE) realizará na próxima quarta-feira, 28 de março, às 15H, no auditório da Escola do Legislativo, um importante debate com o filho da grande guerrilheiro comunista Mariguela, cujo nome vem de seu pai, Carlos Augusto Marighella. O advogado trará elementos da história de seu pai, dos bastidores da Ditadura e da maneira como tudo isso influenciou sua opções enquanto militante no processo de redemocratização do país.

O evento terá início com a exibição do documentário “Carlos Marighella – quem samba fica, quem não samba vai embora”, do cineasta independente argentino Carlos Pronzato. Realizado para comemorar o centenário do guerrilheiro revolucionário, o filme foca o período da luta armada de resistência à Ditadura Militar, de 1964 até a morte de Marighella, em dezembro de 69, sendo um resguardo e instrumento de difusão da memória de Carlos Marighella. Os testemunhos de militantes políticos que acompanharam a trajetória de Mariga, estudiosos do tema e pesquisadores dão o tom no documentário. O título do filme é uma referência a uma carta homônima escrita por Carlos Marighella aos revolucionários de São Paulo, em dezembro de 1968.

Logo após a exibição, a população de Aracaju poderá ouvir a trajetória política do grande guerrilheiro comunista, morto pelos órgãos repressores na Ditadura Militar, contada por quem vivenciou in loco toda a ação revolucionária que perseguia Carlos Marighella. Para o presidente da CUT/SE, Rubens Marques, a Central Única dos Trabalhadores tem um importante papel na discussão sobre  os fatos que marcaram um período nefasto da história brasileira,  principalmente na defesa da verdade que tornearam as constantes violências e torturas sofridas por aqueles que lutavam pela liberdade.

“Entendemos que a CUT/SE precisa transcender a discussão salarial, as questões voltadas para o mundo do trabalho. É importante para nós discutirmos a história do Brasil e as marcas deixadas por um processo tão violento quanto vivenciado na ditadura brasileira. Já fizemos três mesas de debates sobre a Ditadura Militar no Brasil e em Sergipe, trouxemos grandes resistentes e reféns da tortura naquele período histórico, como Milton Coelho, Welington Mangueira, Marcélio Bonfim e Goisinho. Agora estamos tendo a honra de receber o filho de Marighella, um grande revolucionário, morto na ditadura, que germinou no seu próprio filho toda sua sede de mudança”, pontua o presidente da CUT/SE.

CUT/SE e a luta pela abertura dos arquivos da ditadura

O resgate sobre os fatos ocorridos no regime militar sempre fizeram parte das ações da CUT/SE. Em três mesas organizadas entre o final de 2010 e o meio de 2011, a CUT/SE trouxe a tona histórias de resistência, pautadas na dor das ações torturadoras da ditadura.

Histórias como de Milton Coelho, jornalista que ficou cego em uma das sessões de agressão física, dentro do que fora chamado de Operação Cajueiro, responsável pelas prisões de diversos militantes em Sergipe, incluindo Marcélio Bonfim, Goisinho, Welington Mangueira, entre outros tantos perseguidos pelo regime.

Em nível nacional, a CUT baixou uma resolução pela instauração da Comissão da Verdade e punição dos torturadores, apontando a posição clara da entidade pelo reconhecimento da barbárie vivida neste processo ditatorial, pela punição aos torturadores e pelo direito a verdade por parte das famílias e da sociedade brasileira.

Um pouco de tanta história

Marighela foi um grande quadro da esquerda brasileira, era uma grande figura humana, duro sem perder a ternura, presença marcante na história do bravo Partido Comunista do Brasil, um exemplo de militante comunista.

Ele era um estudioso do marxismo e da obra de Lênin, ligado à cultura e as artes, principalmente a dramaturgia, um líder nato era, também, poeta.

Ele ingressou nas fileiras do PCdoB nos anos 30 do século passado, participou ativamente da vida política do país, era consciente de suas responsabilidades como militante comunista, não media sacrifícios para cumprir as tarefas do partido, era um militante disciplinado, tinha uma visão crítica do partido, mesmo seguindo o centralismo democrático, regra fundamental de uma organização revolucionaria.

Quando discordou da linha política do partido, rompeu e procurou forma a sua organização revolucionaria, partindo para a ação armada, montando a Aliança Libertadora Nacional, um forte braço da guerrilha urbana entre as décadas de 60 e 70.

Duramente perseguido pelo DOI-CODI, morreu, assassinado pela repressão, sob as ordens do facínora Fleury, na cidade de São Paulo, em 04 de novembro de 1969.

SERVIÇO
O quê:
CUT/SE promove debate ‘Pelo Direito a Verdade, os bastidores da Ditadura Militar’ com o filho do ilustre líder revolucionário Carlos Mariguella
Quando: Quarta-feira, dia 28 de Março, às 15H
Onde: Auditório da Escola do Legislativo, na Praça Fausto Cardoso, Centro de Aracaju/SE