Para fortalecer seu projeto, o país aceita a entrada de capital internacional com as seguintes condições: a empresa só entra se trouxer novas tecnologias, fazendo aliança com empresa nacional e produzir para o mercado externo. O resultado desse modelo de gestão econômica garante a produção de produtos baratos para o mercado interno realizado pela indústria nacional que se fortalece ao absorver a tecnologia das multinacionais e a possibilidade delas entrar em novos mercados pegando carona nas empresas estrangeiras. Assim os produtos chineses começam a dominar o mundo a preço baixo, bem como garante produtos de baixo custo para o consumo da população.
O caminho que a China quer trilhar é bem diferente das nações capitalistas. No capitalismo há uma acumulação de riquezas sem limites. Os trabalhadores são explorados para que haja maior acúmulo de riquezas para os donos do capital que investem em inovação tecnológica para ampliar, ainda mais, a produção e os lucros. Os países produzem alimentos, mas o povo morre de fome, se têm analfabetos é uma ação deliberada, pois há condições financeiras para ter toda população escolarizada. Entretanto, o aumento da produtividade, atualmente, gera condições para que os trabalhadores possam trabalhar o mínimo e viver o máximo.
O que a China está fazendo é produzindo esse excedente para ter condições de fortalecer o socialismo no país e garantir condições de vida digna para toda população.
O grande marco da revolução chinesa é 1949 logo depois da 2ª guerra mundial, a partir da revolta camponesa, socialista e nacional libertadora. A revolução foi baseada na luta armada com a formação de um exército popular pela libertação de território e cerco das cidades pelo campo situação que vai influenciar as revoluções em Cuba, Nicarágua, Angola e Vietnã.
A China é uma das mais antigas civilizações da terra e houve um momento que o país era muito mais importante economicamente do que os países europeus. A partir de certo momento, há estagnação com os conflitos entre a burguesia e os senhores feudais. Na Europa houve acordo que resultou na revolução burguesa e no avanço econômico. A Europa evolui economicamente que desemborca no capitalismo e a China estagna.
Nesse período de estagnação, a Inglaterra obriga a China e comercializar o ópio num período de humilhação permanente pelos ingleses que só vai ser superado em 1949 desde a guerra do ópio em 1848 e 1849 recolocando a China na trilha do desenvolvimento com a retomada das tradições históricas milenares. O ópio é utilizada como narcótico e os viciados ficam magros e com cor amarela, diminuindo, ainda, sua resistência às infecções.
A revolução de 1949 é precedida da revolução de 1910 que institui na China a democracia burguesa que destitui o imperador e implementa o Governo controlado por Kuomintang (Partido Nacionalista do Povo) numa aliança com os comunistas contra os senhores feudais. Depois disso, a aliança com os comunistas é rompida e o país passa a viver uma guerra civil entre os dois grupos. Os comunistas criam uma república soviética independente que foi combatida pelos Kuomintang que quase os exterminou. Essas sucessivas derrotas fizeram os comunistas ressurgirem numa tática de luta que substitui a política e passam a utilizar a guerra popular prolongada e cerco das cidades pelo campo, utilizando o campesinato com força estratégica da revolução.
A invasão do Japão durante a segunda guerra mundial leva o exército popular a fazer uma nova aliança com Kuomintang contra os invasores japoneses. A aliança acontece com restrições que dura até o final da guerra, quando a guerra termina recomeça a guerra civil de 1945 a 1949. Em 1949 termina a guerra civil com a expulsão dos Kuomintang para Taiwan que formam a República da China, enquanto os comunistas criam a República Popular da China.
Até o momento, podemos considerar que a revolução chinesa aconteceu em duas etapas: de 1949 a 1978 quando o país adota várias políticas e a partir de 1978 com a adoção do socialismo de mercado.
Na primeira etapa o país vai testar a melhor política de construção do socialismo. Uma linha adotada foi baseada no desenvolvimento das relações de produção na ideologia e na política. Essa linha entendia que era possível socializar a economia chinesa para toda população no estágio que ela estava e protagonizou a Revolução Cultural Chinesa. Foi um experimento que resultou numa linha do confronto de classe com choque direto com a burguesia. A Revolução Cultural Chinesa foi a materialização da disputa: mudanças de hábitos, ou seja, muda a situação social do país e o desenvolvimento econômico é secundário e não fundamental utilizando peça de teatro, livros, textos para atacar aqueles considerados inimigos da revolução.
A Revolução Cultural se transforma na força contra qualquer coisa que cheirasse a burguês. Ela passou a ser a dirigida pela juventude que se transformaram na guarda vermelha fiscalizando os comportamentos as práticas do povo. A revolução cultural foi à expressão política das camadas pobres para revolver seus problemas através do igualitarismo radical e atende as aspirações imediatas das pessoas.
Mao Tsé-Tung usa isso para combater outros setores do partido favoráveis a idéia de desenvolvimento em longo prazo nos marcos capitalista. Mao chegou a convocar a guarda vermelha a bombardear o comitê central para combater essas idéias. A ameaça da revolução era visto como ameaça a restauração capitalista e ao partido, como estava acontecendo na Rússia. Passa haver uma articulação de outros setores para deter esse modelo. Primeiro numa tentativa de golpe de Estado e depois da morte de Mao Tsé-Tung o grupo que comanda a revolução cultural chinesa é derrotado e desacreditado pela população.
A outra corrente existente dentro do partido comunista assume o comando e promoverá o desenvolvimento das forças produtivas que tirará o país do atraso econômico. Essa corrente entendia que era preciso desenvolver economicamente o país mesmo adotando métodos capitalistas. Essa tese de Deng Xiaoping sai vitoriosa com a visão de desenvolvimento das forças produtivas. Implementa-se, a partir de 1978, a política de fazer a China crescer economicamente adotando métodos de acumulação produtiva.
A China, portanto, passa a adotar o Socialismo de mercado como fator de estímulo ao desenvolvimento econômico. Essa é classificada como fase inicial de desenvolvimento socialista até atingir um padrão de vida médio de modo que o país possa implementar, de fato, o socialismo no seu sentido amplo. Do ponto de vista teórico o país está implementando a doutrina marxista mais ortodoxa: transfere a política para os trabalhadores, mas o ponto de partida tem que haver desenvolvimento econômico. A propriedade somente será coletiva a partir de um amplo desenvolvimento caso contrário o Estado tem que administrar a burocracia situação que impende o desenvolvimento econômico e social.
O país deu aos camponeses direitos sobre a propriedade e de comercializarem o que produzem. Isso gerou uma produção de alimentos imensa com possibilidade das famílias enriquecerem. Entretanto, há muita crítica em relação à distribuição de riquezas e nesse momento a política é desigual. Nesse estágio que a população pobre precisa enriquecer e os que já estão ricos têm outros interesses, mas o país precisa conviver com essas contradições para atingir seu objetivo maior. O grau de exploração da força de trabalho é brutal, entretanto o grau de consenso social é grande: as pessoas trabalham muito mais, pois podem ascender socialmente. No país não existe miséria, entretanto existem conflitos sociais permanentes para compensar o desenvolvimento capitalista, pois o Estado impõe limites e redistribui a riqueza.
As empresas chinesas vêm para o Brasil e outras nações pelo mundo para explorar o máximo. Elas estão com muito dinheiro e estão investindo em tudo que é possível para acumulação de excedente e conduzir a revolução socialista. A crise está levando a china a elevar o mercado interno e gerar condições de consumo interno. Associação da empresa privada sobre controle rigoroso do Estado está produzindo resultados positivos para o país.
O governo agora tem outro foco: o aumento do bem-estar da população. No dia 12 de março de 2011, Hu Jintao (presidente) e Wen Jintao (primeiro-ministro) entregaram ao Congresso Nacional do Povo o 12º plano quinquenal (2011 a 2015). Este se sustenta no tripé: crescimento interno moderado e voltado para o mercado interno, inclusão social e desenvolvimento verde. Isto é, o governo, depois de produzir o bolo, deseja reparti-lo melhor. Quer garantir educação, saúde, proteção social e segurança aos cidadãos, com crescimento econômico, conciliando-o com a sustentabilidade do meio ambiente. Aprovado em abril pelo Congresso, o 12º plano quinquenal está mirando novos objetivos, o salário mínimo, por exemplo, aumentou 20% em 2010, percentual que deve se repetir em 2011. O governo espera criar 54 milhões de empregos nas cidades até 2015, sendo 9 milhões em 2011 e construir mais de 35 milhões de moradias para baixa renda. Para isso, já estão sendo estabelecidas metas que incluam redução de consumo de energia fóssil e de emissão de gases poluentes. Além disso, os investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento deverão crescer de 1,5% para 2,5% do PIB, indicando que, em futuro próximo, o fator de competitividade não será o baixo custo da mão de obra, mas o alto nível tecnológico. Espera-se que 100 mil graduados passem a se formar ao ano.
Por outro lado, a conjunção de uma população mais educada e rica, uma indústria mais organizada tecnologicamente, menor jornada de trabalho e um governo capaz de organizar-se bem no tocante ao cumprimento de metas. A nova ordem chinesa, portanto, terá importantes impactos globais. A China está mostrando para o mundo e, especialmente, para o Brasil que é possível construir uma sociedade com inclusão social combinado com desenvolvimento econômico e tecnológico, numa clara intenção de construção do socialismo como momento de passagem para implementação plena do comunismo.