Juventude em risco: Brasil na sexta posição mundial em homicídio de jovens (parte I)

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Ministério da Justiça divulgou no último dia 24 de Fevereiro estudo: Mapa da Violência 2011. Esse documento aponta o Brasil na sétima colocação como país que mais matam seus jovens. A gravidade do estudo coloca para governos (federal, estaduais e municipais) e a sociedade o desafio de melhor cuidar dos nossos jovens. Urge mobilizações sociais no sentido de exigir dos governos ações articuladas na promoção de políticas públicas que tenham, também, a juventude como prioridade. Segundo o estudo, a taxa de homicídio entre os cidadãos de 15 a 24 anos subiu de 30 mortes por 100 mil jovens em 1998, para 53 mortes por 100 mil jovens em 2008.

Na frente do Brasil estão apenas El Salvador com 105 mortes violentas em cada grupo de 100 mil jovens. Em seguida vêm as Ilhas Virgens com 86 mortes, a Venezuela com 80 mortes, Colômbia com 66, e Guatemala com 60. Essa triste realidade precisa ser enfrentada através da mudança de rota nas políticas públicas para jovens no Brasil. Atualmente, as políticas de juventude no país são quase inexistentes. A criação da Secretaria Nacional de Juventude pelo Governo Lula poderá ser o caminho para mudar isso.

O estudo aponta que das mortes entre os jovens no Brasil 39,7% são homicídios e na faixa etária de 19 a 23 anos o número de homicídios cresce para 60 em cada grupo de 100 mil. Entretanto, entre os Estados brasileiros que mais matam estão Alagoas com uma taxa de homicídio juvenil de 125 jovens, o Espírito Santo com 120, Pernambuco com 106, Distrito Federal com 77 e o Rio de Janeiro com 76,9.

Em Sergipe também houve crescimento assustador de homicídios entre a população juvenil no período de 1998 e 2008. Em 1998 foram registrados 53 homicídios de jovens par grupo de 100 mil. Já em 2008 esse número cresceu para 185 homicídios um crescimento de 249%. Entretanto, quando o estudo separa os homicídios entre brancos e negros os dados são ainda mais assustadores. O Estado mata 10 vezes mais negros do que brancos. Em 2002 foram registrados 18 jovens brancos assassinatos e, no mesmo período, registrou 157 homicídios entre os jovens negros. Entretanto, em 2008 foi 14 assassinatos de jovens brancos e 147 mortes de jovens negros.

Dos assassinatos que aconteceram em 2002 no Estado de Sergipe, entre todas as faixas etárias, o Estado registrou 65 mortes entre população branca. Enquanto isso, entre a população negra foi registrado 380 homicídios. Já em 2008 foram 78 assassinatos de pessoas brancas, enquanto entre os negros aumentou para 417 homicídios.

Essa faixa etária, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), é considerada a mais vulnerável em relação a riscos como o desemprego e o subemprego, a violência e a redução da qualidade de vida. De acordo com a Unicef, as oportunidades são ainda mais escassas quando leva em consideração as condições de renda, condição pessoal, local de moradia, gênero, raça e etnia. O órgão da ONU ainda recomenda que o apoio dado na fase inicial e intermediária da infância seja estendido aos jovens, com investimentos em educação, cuidados de saúde, proteção e participação democrática desses jovens, principalmente os mais pobres e vulneráveis são necessários para inclusão social dessa faixa populacional.

A esquerda e os governos de esquerda devem disputar na sociedade que a saída para implementar essas políticas é coletiva e não individual. Enfrentar esses problemas é o caminho para superação de realidade como apontada pelo Mapa da Violência 2011. Os jovens precisam ser ouvidos, a começar pelas escolas quando as decisões precisam ser tomadas de forma democrática. Precisam poder falar o que pensam sobre as políticas públicas. Portanto, o debate de desenvolvimento deve, necessariamente, envolve a juventude, caso contrário, teremos um modelo dissociado da realidade.