
Em um marco histórico, assumiu uma vaga no Conselho Estadual de Educação (CEE), uma representante indígena, a professora Edinalva Mendes (Edi Serigy). O termo de posse foi assinado na manhã desta quinta-feira, dia 11, na sala da presidência do CEE, na Biblioteca Pública Epiphanio Dória.
A professora Edinalva é do povo Tupinambá, militante do SINTESE, diretora do Departamento para Assuntos Educacionais, e entra na vaga de representante sindical, substituindo o atual presidente do SINTESE, professor Roberto Silva.
Em sua fala, após a assinatura do termo de posse, a professora Edinalva Mendes, fez questão de falar sobre os desafios em retomar os debates sobre educação indígena em Sergipe.
“Como primeira mulher indígena a ocupar esse espaço, quero retomar o debate da Educação Escolar Indígena em Sergipe. Este debate foi iniciado quando o SINTESE foi convocado pelo Ministério Público Federal, para compor, junto ao povo Xokó, SEDUC, e outras instituições, a comissão que tem como objetivo realizar estudos destinados a criação da função de professor Indígena, com formação inicial e continuada específica, bem como Concurso Público para essa função. É fundamental assegurar representações indígenas em todos os espaços, seja em conselhos, salas de aula, espaços institucionais. Contar a nossa história, com as nossas vozes é preservar e fortalecer a nossa cultura e nosso povo”, afirma.
A professora Edinalva Mendes também fez questão de colocar sobre o orgulho e a responsabilidade de representar o SINTESE no CEE:
“É uma honra compor o CEE representando o SINTESE para dar continuidade ao trabalho dos companheiros Joel e Roberto. É uma grande responsabilidade substituir o companheiro Roberto, diante da missão que ele assumiu agora na presidência do sindicato, mas aceitei o desafio. Tive o nome aprovado pela categoria, e agora estou aqui para contribuir, para que o Conselho possa continuar tendo autonomia, independência na construção dos pareceres que normatizam a educação de Sergipe”, coloca a indígena.
A indicação e aprovação do nome da professora Edinalva Mendes demonstra mais uma vez a preocupação do SINTESE em ser cada vez mais plural e representativo, no intuito de enfrentar e combater as opressões de gênero, raça, credo religioso, entre outras.
Acompanhando a posse, o Secretário Geral do SINTESE e ex-membro do CEE, professor Joel Almeida, reafirmou a busca do SINTESE em ser plural diante da pluralidade de sua categoria e também como ferramenta de luta para a educação no estado.
“SINTESE hoje é composto por uma série de militantes e buscamos a diversidade, como forma de dar e trazer voz, sobretudo, aos grupos historicamente reprimidos em nossa sociedade. Eu, professor, homem negro, membro do coletivo de combate ao racismo do SINTESE (KILOMALOCA), fui representante do SINTESE neste Conselho. E é com muita alegria que vejo hoje a nossa companheira Edinalva, também membro do Kilomaloca, primeira mulher indígena, a assumir uma cadeira aqui, mostrando mais uma vez que este Sindicato acredita na diversidade como ferramenta fundamental na transformação da nossa educação”, vislumbra.
Para o presidente do SINTESE, professor Roberto Silva, o que fica de sua passagem pelo Conselho Estadual de Educação é o aprendizado e a certeza de que a defesa de uma educação emancipadora, de qualidade social, diversa só tem a se fortalecer com a chegada da nova representante do SINTESE, que em seu departamento já realiza, dentre outras pautas, o Encontro de Educadores (as) Negros (as) e Indígenas do SINTESE, evento que convida a categoria a refletir sobre uma educação intercultural no chão da escola.
“Como representante do SINTESE trouxemos sempre a defesa de uma educação de qualidade social para os filhos e filhas dos trabalhadores de Sergipe, e vamos continuar com esta defesa, mas agora trazendo mais diversidade aos debates, abrindo mais portas para ecoar vozes outrora excluídas. Sem dúvida a companheira Edinalva é um grande ganho para o Conselho Estadual de Educação. Boa sorte, companheira!”, saúda o presidente do SINTESE.