Respeito aos professores

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Por Silvio Alves Santos*

Circula na internet um vídeo onde o governador de Sergipe, num rompante de autoritarismo, usa de uma verborragia inapropriada e grosseira, para tentar desqualificar trabalhadores professores, concursados do estado, organizados e mobilizados pelo seu sindicato, o combativo Sintese, que reivindicava legitimamente, a valorização da categoria, além de melhores condições de trabalho, ou seja, uma pauta que, apesar de ser obrigação do estado cumpri-la, lhes é negada sistematicamente.

Contrariado com a reivindicação pública, um desequilibrado e destemperado governador, vocifera contra os manifestantes, alegando que nunca os viu trabalhar. Primeiramente, chama a atenção o fato de um governador que tem a obrigação de administrar a política de educação do estado, ser incapaz de ver os professores da escola pública trabalhando. É a prova de que alguma coisa está fora da ordem na gestão da educação pública em Sergipe e o problema, claramente, não está nos professores.

Em segundo lugar, seria trágico se antes não fosse cômico, sendo o governador alguém que nunca pregou um prego numa barra de sabão, tentar desqualificar trabalhadores cuja história produtiva é muito mais edificante que a sua.

A verdade é que o chilique do governador é mais um exemplo de como Sergipe, sob seu governo, retrocedeu aos tempos da República Velha. Tempos em que predominavam o mandonismo, o clientelismo, o coronelismo e as oligarquias. Uma das evidências da volta desses tempos é quando vemos os aparelhos de estado atuando de forma seletiva e as perseguições políticas baseadas na maquiavélica frase “aos amigos os favores, aos inimigos o rigor da lei”.

Em regra, no Brasil é assim: há uma certa elite com poder político e econômico que, da mesma forma que não gosta de trabalhar, odeia trabalhador. E se o trabalhador é consciente, daqueles que sabem da importância da luta de classe, conhece a força da organização, da mobilização, reivindica direitos e valorização, vira alvo de desqualificação e perseguição. E sempre haverá um tiranete colérico, incapaz de argumentos civilizados e de soluções saneadoras, mas capaz de um ataque de nervos quando confrontado em sua inépcia.

Mas, como dizia Maiakóvski, “o mar da história é agitado…” Para essa gente de natureza despótica, que acha que seus efêmeros mandatos lhes dão poderes absolutos, a história costuma reservar um lugar nos escaninhos do ostracismo.

Avante, trabalhadores professores! Ousar lutar, ousar vencer.

*Silvio Alves Santos, jornalista e ex-sindicalista