Nada de lembrancinhas e presentes, queremos direitos. O mês de março – em que se celebra o Dia Internacional das Mulheres – é um mês de reflexão e ação concreta sobre os direitos das mulheres, sobre a luta das mulheres por respeito, dignidade, justiça e igualdade de direitos. É um período para debater e refletir sobre a insistente desigualdade de gênero no mundo do trabalho, discutir e definir ações de combate à violência contra a mulher e defender a participação das mulheres nos espaços de decisão do seu bairro, da sua cidade, do seu estado e do seu país. É um momento para resgatar e manter viva a história e a memória de mulheres lutadoras de todo o mundo.
É com essa compreensão sobre o Dia Internacional das Mulheres, e buscando dar a sua contribuição para o fim das desigualdades e da opressão de gênero, que esta edição da Revista Paulo Freire presta a sua homenagem às mulheres. Mas frise-se: a homenagem aqui é ao protagonismo das companheiras lutadoras que, no seu cotidiano, persistiram e persistem na defesa de um mundo sem opressões e com todos os direitos garantidos a todas as mulheres. Para isso, a edição que acaba de chegar às suas mãos apresenta diversos conteúdos e opiniões sobre temas variados relacionados aos direitos das mulheres.
Um dos temas que ocupou o centro do debate político em Câmaras de Vereadores e Assembleias Legislativas de todo o país no final do ano passado foi a discussão sobre a “ideologia de gênero” na educação. Avaliamos que o tema, de um modo geral, foi tratado não pela perspectiva teórica e política, mas sim a partir de um viés fundamentalista que demonstrou uma clara interferência de grupos religiosos nas políticas públicas. Por isso, aqui, buscamos descortinar o que realmente estava em jogo e o que significa e representa, na essência, abordar questões de gênero e sexualidade nos ambientes educacionais.
Atual também é o crescimento das reflexões acerca do feminismo negro. A jornalista e pesquisadora sergipana Laila Thaíse nos ajuda a conhecer a trajetória do feminismo negro e como trazer para a ordem do dia as questões referentes às mulheres negras e como a intensa produção de intelectuais e militantes contribuíram para o surgimento de mais organizações e para a fomentação, ainda não suficiente, de políticas públicas para o segmento.
Trazemos também nesta edição um breve histórico das mais distintas concepções teórico-históricas sobre o feminismo no mundo, apresentando as principais diferenças entre cada perspectiva e a importância de cada para a luta por igualdade.
Um dos maiores entraves à conquista de direitos pelas mulheres é a subrepresentação feminina nos espaços da política institucional. É o que afirma a mestre em Comunicação Ana Carolina Westrup em artigo escrito originalmente para esta edição da Revista Paulo Freire. Como saída, a pesquisadora defende: “uma reforma política ampla, que assuma o desafio de equilibrar o jogo político entre homens e mulheres no parlamento brasileiro, é fundamental para a ampliação de direitos voltados para as mulheres, e sobretudo, para a quebra de paradigma sobre qual é o lugar da mulher na sociedade brasileira”.
Por fim, a Revista Paulo Freire abre espaço para a relação entre mulheres, política e cultura com dois textos: o primeiro uma sintética resenha sobre o filme “As Sufragistas”, que narra a luta de mulheres inglesas pelo direito ao voto e o segundo faz um recorte histórico da vida da artista Elza Soares, a partir do lançamento do seu mais novo CD, “A Mulher do Fim do Mundo”.
Boa leitura e viva a luta das mulheres em todo o mundo!