A jornalista Juliana Albino, coordenadora de redação do *Hôtelier News*, sofreu ontem (29) um ato de racismo por Manoel Costa, mestre de cerimônias da Feira Internacional de Serviços de Turismo (Fistur) que acontece até amanhã (31) no Palácio das Convenções, no Parque Anhembi, em São Paulo.
Juliana estava trabalhando na sala de imprensa da feira, quando Costa começou a tirar seus pertences (bolsa e bloco de anotações) de lugar. Juliana pediu para que ele não fizesse aquilo, quando Costa respondeu que aquele era um lugar público. “Sim, público mas esses objetos
são meus”, disse a jornalista. Foi quando o cerimonialista respondeu: “Cala sua boca negrinha, cala sua boca e volte para senzala” (!).
A profissional procurou então por Daniela Buono, assessora do evento, que disse que não tinha tempo para resolver “picuínhas”. Diante disso Juliana procurou por policiais do Anhembi e registrou boletim de ocorrência no 13º DP, no bairro paulistano da Casa Verde.
“O episódio é um fato lamentável. O que aconteceu na sala de imprensa da Fistur se tivesse sido dirigido para mim teria agido da mesma forma, procurando as autoridades competentes para denunciar uma prática tão racista. Alguns pontos são relevantes neste contexto, um deles é a
perplexidade a este tipo de discriminação, pois é preciso valer o respeito de um ser humano para outro. Eu me senti muito envergonhado por ter presenciado uma cena tão medíocre”, diz Caio de Melo Martins, jornalista da RLC Press, que presenciou o fato no evento.
Na delegacia a coordenadora foi informada que tem seis meses para abrir processo tanto contra Costa quanto contra a Abresi (Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo), empresa organizadora da Fistur que tem responsabilidade sobre seus prestadores de serviço e que se negou a tomar qualquer providência para resolver o caso. “É muito triste vivenciar nos dias de hoje uma cena tão horrenda. No momento que ouvi aquelas palavras me senti muito humilhada e queria achar um lugarzinho para me esconder por um período. Mas, logo levantei a cabeça e percebi que tinha o dever de lutar pelos meus direitos. Para resumir: tenho pena dessa pessoa,
pois não tem Deus e nem amor em seu coração, o respeito ao próximo deve ser independente da cor, sexo, religião, nacionalidade e cultura. Que um dia essa pessoa descubra o verdadeiro valor do amor ao próximo”, diz Juliana Albino.
Opinião
Como jornalistas que têm o dever de representar os interesses e necessidades da comunidade como um todo e, mais especificamente, como profissionais que falam sobre hotelaria e estão acostumados a conversar com pessoas que ressaltam a importância de respeitar e entender as
diferenças não só como princípio básico de convivência mas também como uma das principais ferramentas de trabalho, a equipe do “Hôtelier News” manifesta seu repúdio e indignação diante dessa manifestação de preconceito e ignorância logo por parte de um mestre de cerimônias (Manoel Costa), de uma entidade ligada a prestação de serviços (Abresi) e também de uma profissional de comunicação (Daniela Buono, assessora de Imprensa do evento).
Lamentamos por pessoas que não têm capacidade de assimilar elementos básicos de boa educação e respeito, e esperamos sinceramente que um dia eles tenham discernimento para entender que se deixaram ser vítimas da pequenez e da falta de bom senso e passem a agir com o mínimo de racionalidade de que todo ser humano é dotado.