Professores e professoras da rede estadual ocuparam novamente a porta da Secretaria de Estado da Educação (SEED), nesta segunda-feira, 30, para exigir do secretário, Jorge Carvalho, reposta oficial aos documentos nos quais professores, estudantes, pais, mães e funcionários de 14 unidades de ensino da rede estadual se negam a aceitar o modelo de ensino médio em tempo integra imposto pela SEED.
Estes documentos foram protocolados no dia 18 de janeiro, em um grande ato realizado pelo SINTESE, em frente à SEED, onde professores e estudantes disseram não ao modelo excludente de ensino médio em tempo integral que a Secretaria de Estado da Educação tentar impor a sua rede de ensino.
No entanto, mais uma vez educadores e educadores receberam o silêncio e portas fechadas como resposta. “Jorge Carvalho se recusa a dialogar com o professor. Essa é a quarta vez que estamos aqui na SEED e encontramos as portas do gabinete trancadas. O Secretário de Estado da Educação não tem coragem de debater olho no olho com quem está no chão da escola e constrói a educação deste estado. Professores e estudantes aqui na SEED não são bem-vindos”, aponta com decepção a presidente do SINTESE, professora Ivonete Cruz.
Durante o ato mais seis colégios protocolaram documento, junto a Superintendência Executiva da SEED, nos quais também se colocavam contra ao modelo desrespeitoso de Ensino Médio em tempo integral que Jorge Carvalho e sua equipe tentam empurra goela abaixo a diversas comunidades escolares, em todos os cantos do estado.
As seis escolas que protocolaram os documentos no ato desta segunda-feira, 30, foram: Colégio Estadual Djenal Queiroz (Aracaju), Colégio Estadual Hamilton Alves Rocha (São Cristóvão), Colégio Estadual Francisco Rosa (Aracaju), Colégio Estadual João de Melo Prado (Divina Pastora), Colégio Estadual Santos Dumont (Aracaju), Colégio Estadual Rollemberg Leite (Aracaju)
Manobra da SEED
Com a imposição da SEED, professores, estudantes, pais e mães das 18 escolas que haviam sido “selecionadas” para atenderem exclusivamente o ensino médio em tempo integral, passaram a se mobilizar e por meio de plenárias construíram documentos em que as comunidades escolares deixaram clara a posição contrária ao modo autoritário e excludente como a SEED desejou impor o ensino médio em tempo integral na rede estadual de Sergipe.
Diante das mobilizações, a SEED passou a procurar outras unidades de ensino para substituir aqueles que rejeitaram a posposta. A fim de buscar legitimidade no processo, a SEED passou a ter como o alvo os Conselhos Escolares.
Agora, a Secretaria de Estado da Educação chega a um determinado Colégio da rede estadual, se reúne com os supostos membros do Conselho Escolar e nesta reunião aprova a implantação do ensino médio em tempo integral naquela unidade de ensino.
Do dia 18 de janeiro até esta segunda-feira, 30, o SINTESE recebeu uma série de denúncias que apontam que a Secretaria de Estado da Educação tem apelado para manobras escusas com o objetivo de conseguir o que deseja.
As reuniões entre representantes da SEED e Conselhos Escolares têm sido feitas a toque de caixa e não respeitam sequer o prazo legal de convocação, o mínimo de 24 horas de antecedência. Além disso, em todos os casos levados ao conhecimento do SINTESE, durante a reunião entre o Conselho Escolar e a SEED não havia representação de todos os segmentos que fazem parte da comunidade escolar. Para tornar as denúncias ainda mais graves, em algumas atas de reuniões constavam assinaturas de pessoas que não fazem parte do Conselho Escolar.
O vice-presidente do SINTESE, professor Roberto Silva, destacou que mesmo que não houvesse qualquer irregularidade o Conselho Escolar não tem autonomia para tomar uma decisão tão complexa, sem que a mesma passe pela assembleia escolar.
“Neste caso o papel do Conselho seria convocar a assembleia escolar para fazer um amplo debate com a comunidade. Este é o caminho correto. É necessário que se ouça os anseios da comunidade escolar e que a mesma esteja esclarecida. Compreendemos que a vontade da comunidade escolar é soberana. O que a SEED está fazendo é forçar a barra ao dizer que o que foi deliberado no Conselho Escolar é o que passa a valer na unidade de ensino. Isso é mentira. A Assembleia Escolar é necessária para tal decisão”, explica o vice-presidente do SINTESE.
Ensino médio em tempo integral
A presidente do SINTESE, professora Ivonete Cruz, fez questão de deixar claro que o SINTESE não se opõe a implantação do Ensino Médio integral, para o Sindicato o problema central está na forma autoritária como a SEED vem tratando do assunto.
“É importante esclarecer que o SINTESE não é contra ao Ensino Médio Integral, mas sua implantação deve ser feita com base em estudos, com planejamento e acima de tudo consultando os mais interessados neste processo: estudantes, professores, mães, pais e funcionários das escolas”, enfatiza a professora.
O modelo imposto pela SEED é excludente, uma vez que as unidades de ensino da rede estadual onde funcionar o Ensino Médio em Tempo Integral deixarão de atender ao Ensino Fundamental. Com isso milhares de estudantes podem ficar sem ter onde estudar, pois as escolas das redes municipais não conseguirão atender a demanda.
A presidente do SINTESE destacou também que grande parte das escolas da rede estadual não tem estrutura física adequada para receber estudantes em tempo integral, e que além dos problemas na estrutura física, a falta de alimentação escolar é outro imenso problema que paira sobre as escolas da rede estadual de Sergipe.
“Atualmente a esmagadora maioria das escolas da rede estadual não tem sequer condições estruturais de receber jovens em sua dependência em um único turno o que dirá em dois. Os banheiros são fétidos; não há espaço para banho; quando existem áreas destinas a recreação dos estudantes as mesmas estão completamente abandonadas; as salas são conhecidas como saunas de aula, pois os ventiladores não funcionam. Falta alimentação escolar. A SEED pretende manter estes adolescentes sete horas nas escolas a base de broa e suco de caixa? Não podemos aceitar isso”, finaliza Ivonete Cruz